Os primeiros mártires romanos, martirizados em Roma em 64 durante o reinado de Nero, ao lado da comunidade hebraica florescente e respeitada (Popéia, a mulher de Nero, era judia), vivia a exígua e pacífica comunidade cristã guiada pelo príncipe dos apóstolos.
Por que Nero perseguiu os cristãos com tanta ferocidade? O historiador Cornélio Tácito nos oferece a explicação: “Visto que circulavam boatos de que o incêndio de Roma havia sido doloso, Nero apresentou-os como culpados, punindo com penas requintadíssimas aqueles que, obstinados por suas abominações, eram chamados pelo vulgo de cristãos”.
Quais fossem suas culpas nós o sabemos muito bem: reuniam-se nas noites de sábado para celebrar a eucaristia, na qual se fala de corpo e sangue de Cristo dado como alimento aos fiéis.
O Martirológio romano diz:
“Em Roma, celebra-se o natal de muitíssimos santos mártires que, sob o império de Nero, foram falsamente acusados do incêndio da cidade e por sua ordem foram mortos de vários modos atrozes: alguns foram cobertos com pêlos de animais selvagens e lançados aos cães para que os fizessem em pedaços; outros, crucificados e, ao declinar do dia, usados como tocha para iluminar a noite. Todos eram discípulos dos apóstolos e foram os primeiros mártires que a santa Igreja romana enviou a seu Senhor antes da morte dos apóstolos”.
A ferocidade com a qual Nero golpeou os inocentes cristãos (o incêndio tinha sido provocado por sua ordem com o fim de reconstruir Roma com base num grandioso projeto) não encontra obviamente a justificação do supremo interesse do império. Aqueles pacíficos crentes em Cristo não constituíam ameaça. A selvageria usada contra eles foi tal que provocou horror e piedade nos próprios espectadores do circo.
“Agora se manifestou piedade”, escreve ainda Tácito, “mesmo se tratando de gente merecedora dos mais exemplares castigos, porque se via que eram eliminados não para o bem público, mas para satisfazer a crueldade de um indivíduo.”
A perseguição durou três anos, e seu exórdio teve o mais ilustre dos mártires: Pedro. A conclusão foi assinalada pela decapitação de são Paulo.
Lembramos, hoje, também, outros mártires:
Santo Alrico — eremita inglês do século XII.
Beato Arnoldo (†1228) — depois de uma vida mundana, tornou-se irmão leigo cisterciense em Villers, no Brabante.
São Basílides — soldado romano no Egito, martirizado em 205.
São Bertrando (†623) — bispo de Le Mans, renomado por seu amor pelo campo e pela beneficência para com os pobres.
Santos Caio e Leão — martirizados na África, em época imprecisa.
Santa Clotsinda (635-714) — filha de santa Rictrudes, sucedeu-a como abadessa no mosteiro beneditino de Marchiennes.
Santa Emiliana — romana martirizada em época imprecisa.
Santa Erentrudes (†718) — irmã de são Ruperto, que fundou para ela o convento de Nonnberg, na Áustria.
Beato Filipe Powell (†1646) — sacerdote inglês missionário em Devon e na Cornualha, martirizado em Tyburn. Beatificado em 1929.
Santa Lucina — provavelmente martirizada em Roma, no tempo dos apóstolos Pedro e Paulo.
Santos Marcial, Alpiniano e Austricliniano — respectivamente, bispo de Limoges e dois de seus sacerdotes, mortos na metade do século III.
Durante o consulado de Décio e Grato, sete bispos foram enviados de Roma para a Gália para atividades missionárias. Gaciano para Tours, Trófimo para Arles, Paulo para Narbona, Saturnino para Toulouse, Denis para Paris, Austremônio para Clermont e Marçal para Limoges. Marçal deve ter sido acompanhado por dois presbíteros enviados do Oriente. Parece que ele mesmo era natural da Gália. Evangelizou a Aquitânia a partir de sua sé episcopal em Limoges.
São Marciano (†757) — bispo de Pamplona.
Santo Ostiano — venerado em Viviers desde época não especificada.
São Teobaldo (1017-1066) — nobre francês, soldado, eremita nas proximidades de Vicência, depois monge camaldulense.
São Vicente Yen — vietnamita, sacerdote dominicano e missionário, decapitado em Hai Duong. Canonizado em 1988.