São duas as santas com este nome — ou quatro, segundo o Martirológio romano. Mas trata-se de um desdobramento.
A primeira é uma jovem mártir de Antioquia, que se jogou da janela para evitar a perda da virgindade. São João Crisóstomo louva a sua coragem, dando origem a intermináveis discussões.
O mesmo santo bispo narra as vicissitudes de uma célebre atriz, belíssima tanto quanto dissoluta que, depois da conversão, levou vida austera de penitência. Mas não diz seu nome. Assim, um autor desconhecido, que se nomeia Tiago, julgou bom dar-lhe o nome de Pelágia e escrever um longo relato sobre sua história.
Ao chegar a Antioquia junto com uma companhia de comediantes, a mulher provocou logo escândalo em razão de “costumes vulgares”, virando a cabeça de vários homens, até do irmão do imperador. Conseguiu distrair o próprio bispo Nono: o bom velho se pôs a olhá-la enquanto se dirigia em procissão para o sínodo.
Desta leviandade, o bispo extraiu um útil assunto para seu sermão: se uma mulher se embeleza desse modo para agradar a um simples mortal, como deveremos nós adornar nossa alma destinada às místicas núpcias com Deus? E com a oração e a boa palavra conseguiu realmente recolocar no redil aquela bela criatura.
Pelágia mudou de vida, recebeu o batismo e se retirou para viver como eremita em uma cela escavada junto ao monte das Oliveiras.
O pseudo-Tiago acrescenta que a mulher, para não ser objeto de desejos, travestiu-se de homem e viveu longamente em penitência, purificando-se, assim, dos passados desregramentos.
Retirado do livro “Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente”, Paulinas Editora.