Santa Cecília – 22/11 admin 27/11/2021 Santos A tradição narra que Cecília, nobre jovem romana, foi martirizada por volta do ano 230, durante o império de Alexandre Severo e o Pontificado de Urbano I. Seu culto é antiquíssimo: a Basílica a ela dedicada no bairro romano de Trastevere, é anterior ao edito de Constantino (Em 313, decretou o domingo como dia ferial) e a festa em sua memória foi celebrada no ano 545.A narração do seu martírio está contida na Passio Sanctae Caeciliae, um texto mais literário que histórico caracterizado por uma forte conotação lendária. Segundo a Passio, Cecília era esposa do patrício Valeriano, ao qual, no dia do matrimônio, revelou ter-se convertido ao Cristianismo e ter feito o voto de virgindade perpétua, e que por isso não poderia viver as relações matrimoniais, além disso indicou que ele fizesse o mesmo. Valeriano aceitou, e por isso foi catequizado e batizado pelo Papa Urbano I. Logo depois, também seu irmão Tibúrcio abraçou a fé cristã. Ambos os irmãos foram presos, por ordem do prefeito Turcio Almachio; após serem torturados, foram decapitados, juntos com Máximo, o oficial encarregado de levá-los ao cárcere; mas que ao longo do caminho também se convertera e por isso morreu junto a eles.Por conseguinte, Almachio decidiu também matar Cecília. No entanto, ele temia as repercussões por uma execução pública, visto a popularidade da jovem cristã. Então, após tê-la submetido a um julgamento sumário, mandou levá-la para a sua casa, onde foi trancada em uma terma, em altíssima temperatura, simulando uma morte por asfixia. Depois de um dia e uma noite, os guardas a encontraram milagrosamente viva, envolvida em um celeste refrigério. Assim, Almachio mandou decapitá-la. Mas apesar de três golpes violentos na nuca, o algoz não conseguiu cortar sua cabeça. Cecília morreu após três dias de agonia, durante os quais doou todos os seus bens aos pobres, a sua casa à Igreja; não podendo mais pronunciar sequer uma palavra, continuou a professar a sua fé em Deus, Uno e Trino, apenas com os dedos das mãos, como o pintor Maderno a esculpiu na famosa estátua, que ainda se encontra sob o altar central da Basílica a ela dedicada.A Lenda Áurea — a coletânea medieval de biografias hagiográficas, composta em latim pelo dominicano, Jacopo de Varazze, que conta uma série de elementos narrativos da Passio — narra que foi o próprio Papa Urbano I, com a ajuda de alguns diáconos, que sepultou o corpo da jovem mártir nas Catacumbas de São Calisto, em um lugar de honra, perto da cripta dos Papas. No ano 821, o Papa Pasqual I, grande devoto da santa – invocada como “a virgem Cecília que trazia sempre em seu coração o Evangelho de Cristo” –, transladou suas relíquias à cripta da Basílica de Santa Cecília, no bairro romano de Trastevere, edificada em sua memória. Às vésperas do Jubileu de 1600, durante as obras de restauração da Basílica, a pedido do Cardeal Paulo Emílio Sfrondati, foi encontrado o sarcófago, com o corpo da jovem Santa, em ótimo estado de conservação, coberto com um vestido de seda e ouro.Há uma conexão explícita entre Santa Cecília e a Música, documentada desde a Idade Média tardia. O motivo deve-se a uma errada interpretação, segundo alguns, de um trecho da Passio; e, segundo outros, da antífona de entrada da Missa por ocasião da sua festa, onde se lê: “… enquanto os órgãos tocavam, ela canta, em seu coração, somente ao Senhor”. A partir da segunda metade do século XV, em diversos lugares da Europa, a iconografia da Santa começa a proliferar-se e a enriquecer-se de elementos musicais.O êxtase de Santa Cecília, obra-prima de Rafael para a igreja de São João no Monte, em Bolonha, — que a representa com uma mão em um órgão móvel e, em seus pés, vários instrumentos musicais — confirma a íntima ligação da mártir romana com a música. Ela já era invocada e celebrada como Padroeira dos músicos e cantores. Foi dedicada a ela a Academia de Música, fundada em Roma em 1584.Cecília é para a Igreja um grande sinal de fé e pureza, pois ela permaneceu fiel aos seus votos de virgindade mesmo em meio às ameaças contra a sua vida. Escolheu abraçar o martírio do que renunciar seu amor total a Jesus. Torna-se, então, um exemplo de mulher forte na fé, convicta no amor. Portanto, é padroeira da música, porque cantou com a vida uma canção de amor a Jesus.Santa Cecília, rogai por nós! Referências:vaticannews.vaLivro ‘Legenda Áurea, Vidas de Santos’ – Jacopo de Varazze Navegação de artigos Anterior Previous post: Apresentação de Nossa Senhora ao Templo – 21/11Seguinte Next post: São Clemente I – 23/11