Coração Eucarístico de Jesus, Coração do Homem-Deus, Coração de Cristo Rei, Salvador da humanidade, Senhor dos senhores, Juiz Supremo dos indivíduos e das Nações. Nós, como legítimos representantes do povo brasileiro, aqui vimos entregar-Vos os destinos de nossa Pátria, que Vos foi consagrada pelo Episcopado Nacional, em presença do Chefe do Governo, no alto do Corcovado.
Neste momento culminante de nossa história, atendendo ao apelo de milhares de vozes, no mais alto plebiscito de Religião e patriotismo, vimos ratificar esta consagração ao Vosso Divino Coração.
A Vós consagramos todos os Estados e Territórios do Brasil com suas riquezas naturais, suas empresas e realizações, suas riquezas materiais, seu patrimônio espiritual e moral.
Reinai em nossos lares, santificando todas as famílias desde a mais abastada até as mais pobres.
Reinai em todas as atividades dos homens. Sede a luz dos homens de estudo, a defesa da Pátria pelas Forças Armadas, a sapiência dos Legisladores, a justiça dos Magistrados, a orientação do Governo.
Agradecemos as Vossas dadivosas bênçãos à nossa Pátria e, reconhecendo nossos erros e ingratidões, pedimos Vosso perdão e misericórdia.
Por Maria Santíssima, a Virgem Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, suplicamos Vossas bênçãos para felicidade do nosso Povo, agora e sempre. Amém.
Assinaram este ato 58 senadores, 250 deputados, 55 ministros do Supremo Tribunal, o Tribunal Superior do Trabalho, o Tribunal de Recursos, o Superior Tribunal Militar e 60 vereadores do Distrito Federal. Foi pronunciado aos pés do Cristo Redentor, na Capital, Rio de Janeiro, no encerramento do Congresso Eucarístico Internacional, em 24 de julho de 1955.
60º ANO DA CONSAGRAÇÃO DO BRASIL AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 1955-2015
CONSAGRAÇÃO CÍVICA NACIONAL
Padre Drumond
Por que?
I. O Coração do Rei Divino tem pleno direito a esta homenagem. É verdadeiro Deus, Criador e Senhor absoluto de todas as coisas. É Redentor e Salvador do mundo, digno da eterna gratidão de todos os povos. É legítimo Rei por natureza, por herança (Salmo 2), E todo o poder Lhe foi entregue no céu e na terra (Mt 28, 18).
II. Não só tem direito, mas quer e pede esta homenagem. Ao revelar o seu Coração ao mundo, em Paray-le-Monial, reclamou para Ele não só um culto privado, mas também um culto público, social e nacional. Manifestou o desejo de que os homens Lhe rendessem o tributo de uma verdadeira consagração. Pediu-a expressamente da França. Ora, não há motivo para se julgar que tal pedido se refira unicamente a essa Nação. Por que não às demais? Assim o entenderam muitas delas, como por exemplo o Equador, a Colômbia, a Espanha, a Bélgica e várias outras.
III. Por este meio, o Coração de Jesus pode e quer salvar o Brasil. “Ele me assegurou, escreve a confidente do Sagrado Coração de Jesus, Santa Margarida Maria(*), que a consolação que tem em ser amado, conhecido e honrado por suas criaturas é tão grande, que me prometeu que todos aqueles que Lhe forem dedicados e consagrados não perecerão eternamente.”
À Serva de Deus Benigna Consolata Ferrero (06.08.1885-01.09.1916), asseverou também Nosso Senhor Jesus Cristo: “O único remédio para curar o mal da sociedade enferma só pode vir do meu Coração Divino”. (…) “O Meu Coração será a salvação de todo o mundo, a salvação de quantos O buscarem e conhecerem.”
(*) Santa Margarida Maria nasceu em 22 de julho de 1647 e faleceu em 17 de outubro de 1690, com 43 anos. Em 18 de setembro de 1864 o Papa Pio IX a proclamou Beata: em 13 de maio de 1920 o Papa Bento XV a declarou Santa.
POR QUEM?
Pela legítima e suprema autoridade do País, em nome, e, a ser possível, com a adesão calorosa da maioria do Povo Brasileiro.
Duas são as legítimas autoridades do Povo Brasileiro: a civil e a eclesiástica. Quanto é de sua parte, a autoridade eclesiástica já consagrou o Brasil católico ao Coração Eucarístico de Jesus. Dar-nos-emos com isto por plenamente satisfeitos? De modo nenhum. E isto por dois motivos:
I. O Estado, como os indivíduos e as famílias, vem de Deus, Criador e Senhor absoluto de todas as cosias; em conseqüência, perante Deus deve confessar a sua dependência e prestar-lhe culto oficial. “Não basta – diz Antonio Durão(21.09.1880-31.12.1959, Portugal) – que os indivíduos e as famílias prestem a Deus adoração na intimidade de suas consciências ou no recado dos seus lares. É mister que o Estado enquanto tal, representado pelas autoridades legítimas, unidas ao Povo, renda a Deus culto solene e público.” E que melhor e mais excelente culto público poderá prestar o Brasil do que reconhecer, perante o mundo inteiro, a Divindade e Soberana Realeza de Jesus Cristo e consagrar-se oficialmente ao seu Divino Coração, símbolo do seu infinito amor aos homens?
Vem a propósito citar aqui a grave advertência do Cardeal Pie: “Quando o cristianismo de uma nação está reduzido ao âmbito da vida particular ou da vida doméstica; quando o cristianismo deixa de ser a alma da vida pública, e das instituições públicas, então Jesus Cristo trata essa nação como foi tratado por ela. Continua a favorecer com a sua graça e os seus benefícios aos indivíduos que O servem; mas abandona as instituições e o poder público que deixam de O servir; e as instituições, os poderes públicos, os reis, as comunidades tornam-se movediços como a areia do deserto, caducos como essas folhas secas do outono, que qualquer aragem dispersa”.
II. Com estas idéias concorda a grande Enciclopédia Catholicisme, no seu Tomo III(Paria, 1952). Vejamos:
“Tratando-se de consagração de sociedade este ato suscita um problema de competência. Aquele que consagra deve ter autoridade para comprometer o grupo humano de que se trata. Pode dar-se o caso de que alguém se arrogue mais autoridade e poder do que realmente tem. Um chefe religioso pode certamente consagrar a coletividade religiosa de que é responsável: um pároco consagrará a sua paróquia, um bispo a sua diocese….. Ninguém vai pensar que haja nisto abuso.
Mas, pode um chefe religioso consagrar uma coletividade civil? Hoje em dia esta questão se impõe na maioria dos países e parece que se lhe deve dar uma resposta negativa… Um pároco não tem autoridade civil, por isto não tem competência para comprometer o grupo temporal, do qual ele é apenas um membro.
É aos chefes civis que compete consagrar o temporal, cada um deles no campo que lhe pertence…Assim, um prefeito pode consagrar o seu município(é natural que para a cerimônia ele solicite a intervenção do pároco).
Um chefe de Estado pode consagrar o seu país; em tempos passados muitos o fizeram. Santa Margarida Maria queria que Luiz XIV consagrasse a França(sés armées) ao Sagrado Coração de Jesus: Nosso Senhor assim o pedia, declarava ela…”
III. A Mensagem do Coração de Jesus a Luís XIV, em 1689, por intermédio de Santa Margarida Maria: “Dize ao filho primogênito do meu Coração que o Eterno Pai, querendo reparar as amarguras e agonias que o adorável Coração do Seu Divino Filho sofreu na casa dos príncipes da terra, no meio das humilhações e dos ultrajes da sua Paixão, escolheu o nosso grande monarca para a execução de um grande desígnio…. O Eterno Pai deseja que esse desígnio se execute da forma seguinte:
1. Que se levante um templo, onde sobressaia a imagem deste Divino Coração
2. Este Coração adorável aí quer receber a consagração e as homenagens do CHEFE DE ESTADO E DE SEUS MINISTROS.
3. Quer ser pintado na “bandeira nacional e nas armas” do país.
O Sagrado Coração quer estabelecer o Seu império nos corações dos grandes da terra. Quer que esta devoção se estabeleça nos seus palácios para ali ser tão honrado e amado quanto foi ultrajado e humilhado durante a sua Paixão na casa dos príncipes e dos reis…”
(Cf. Bainvel, J.-V., La dévotion au Sacré-Coeur de Jésus, chap. II, &V – Gabriel Beauchesne, éditeur, Paria, 1931; Cf Lima, H de C. F., O Coração de Jesus segundo a Doutrina de Santa Margarida, Ap. da Imprensa, Porto, 2ª Ed., 1932)
Por esta mensagem dirigida – note-se bem – não ao arcebispo de Paris, mas ao Rei Luís XIV, ou melhor, ao próprio governo da França, manifesta Nosso Senhor o desejo de que a França em particular e em geral todas as nações prestem ao seu Divino Coração um culto social e nacional. Esta humilde religiosa foi investida da missão de anunciar aos reis e aos governos: “mudai de política; inaugurai a do Sagrado Coração. Deus assim o quer!…”
QUAIS OS FINS?
Os fins que se poderiam apontar para tão grandiosa manifestação ao Coração de Jesus são os seguintes:
I. Expresso reconhecimento da Realeza Divina de Jesus Cristo;
II. Reparação nacional da Soberana Realeza de Jesus pelos ultrajes públicos cometidos pelo Brasil e outras nações.
III. Promessa de fidelidade perpétua ao Rei de Amor;
IV. Granjear para a nossa Pátria um Protetor Onipotente contra o Comunismo e demais inimigos.
Felizes, pois, e mil vezes felizes aqueles dos quais Nosso Senhor se servir para a execução dos seus divinos planos. Não ficarão sem a devida recompensa: “Nosso Senhor reserva tesouros incompreensíveis para os que trabalham em propagar essa devoção!”(…) “Os nomes dos apóstolos do Sagrado Coração serão escritos neste Divino Coração e jamais serão apagados” – exclama santa Margarida Maria.
Deus Infinito, sempre ofendido, pede-nos a Devoção das devoções: a do seu Coração, o Adorável Coração de Jesus Amor e Reparação.
Deus, sendo infinito, conhece tudo desde sua Eternidade sem começo e sem fim. É infinito porque sua própria Essência (que sempre existiu como Criador que tudo cria sem ser criado) é pedida por nossa inteligência confirmada pela Fé. Conhece, então, tudo por ser Deus, vê em Si mesmo, em um Eterno Presente, sem passado ou futuro.
Posta esta verdade, temos de concluir que é impossível a Deus desconhecer os nossos pecados, não vê-los em sua Visão Eterna. Então Deus, desde sempre, é realmente ofendido em razão da ofensa sempre conhecida por Ele. Não, todavia, ofendido sempre, quanto à ofensa dolorosa, a qual só Lhe pôde atingir enquanto Homem e Deus, capaz de sofrimento, e sujeito à dor, durante Sua Vida terrena.
Tais verdades nos movem a amarmos a Deus com um amor perfeito, isto é, por ser Ele, desde sempre um Deus ofendido, Bondade das bondades, Perfeição Infinita, que essencialmente pede-nos Amor e Reparação, sendo Ele o Primeiro Amor Reparador.
Em vista dessas injúrias sempiternas a Deus de tão Infinita Misericórdia como Infinita Justiça (pois, no Infinito, nada pode haver maior ou menor) percebemos a suma importância da Devoção ao Coração de Jesus na Consagração Nacional ao Seu Adorável Coração: devoção esta, baseada sobretudo no Amor e na Reparação e que nos impele a pedir Misericórdia pelos nossos pecados e pelos crimes das Nações.
Ela é “o último esforço do Amor do Verbo Encarnado para salvar as almas”, livrá-las do Fogo do Inferno na perda eterna de Deus, pena máxima dos condenados, fora de toda a nossa imaginação.
Sim, Devoção das devoções a nos dizer: se há um Céu para quem teme a Deus, qual será o céu para quem ama a Deus? E O serve, buscando a Sua maior glória, sincera e decididamente entregando-Lhe a vontade livre? Será o Céu dos céus!
E a isso nos atrai a Grande Promessa do Coração de Jesus, certeza de salvação, não para que abusemos da Graça prometida, senão a fim de que com tal certeza continuemos, com mais fervor, a sermos mais fiéis a Deus. Não mais por medo dos castigos, senão na linha dita do Puro Amor, que pede nossa Comunhão Reparadora: já pelas ofensas e não menos porque Deus que criou o homem sem o homem, não salvará o homem sem o homem. “Qui te creavit te sine te, non salvabit te sine te”, como disse Santo Agostinho de tão precisa inteligência.
Feliz a Nação que se Consagra Nacionalmente ao Coração de Jesus, Rei das Nações, Liberdade das liberdades! Não só feliz, mas felicíssima, se vive, pratica, não se esquece(*) desta Consagração!
“Ganhe um momento o que perderam anos!”
Possa o momento, este opúsculo, por Misericórdia Divina, concorrer para a Reparação do quase total esquecimento da Consagração Cívica Nacional do Brasil ao Coração de Jesus. Assim desejamos.
(*) Nota da primeira edição: Nunca, com pesar nosso, nunca no Diretório Litúrgico foi lembrado o 24 de julho de 1955, data da Consagração Nacional, há 28 anos.
NA VONTADE DE DEUS, A LIBERDADE DAS LIBERDADES
Foi numa tarde esplêndida, Vinte e quatro de Julho,
Crepúsculo imortal
De mil novecentos e cinqüenta e cinco!
FOI NUM DIA JAMAIS ESQUECIDO,
Tarde dourada sem par, Às margens da Guanabara
Nunca demais cantado mar!
Que a Pátria bendita ouvira
De amor ardendo em chamas,
DOS LÁBIOS DO NOSSO POVO, NOS LÁBIOS DO SEU GOVERNO,
O mais santo, o mais alto, o mais feliz dos proclamas:
CONSAGRAÇÃO NACIONAL
Em Maria Nossa Mãe do Brasil a Padroeira…
Inda glória mais subida: Nossa Torre, Nossa rainha,
Nossa Estrela Virginal!
Se o grito do Ipiranga Foi da glória grande brado,
Foi triunfo grandioso,
Rompendo grilhões de escravos,
Abrindo as asas da Pátria
Sob o céu da liberdade,
Maior e muito mais sublime….
INFINITAMENTE MAIS!
A voz da proclamação consagrando, para sempre,
O Brasil a Jesus Cristo
AO SEU SAGRADO CORAÇÃO!
A Independência fez-nos livres, E se certo, afirmamos,
Foi sem sangue o justo golpe,
Nunca vimos LIBERDADE,
Dentre todas as liberdades, o apanágio delas todas
A que a Pátria conquistou Quando o Povo brasileiro,
Pela Consagração Nacional, a sua nobre liberdade
A Jesus toda entregou!
Foi numa tarde esplêndida, dia jamais esquecido
Tarde dourada sem par,
Às margens da Guanabara,
Nunca demais cantado mar, que ouvira a Pátria bendita
A voz da Proclamação consagrando para sempre
O Brasil a Jesus Cristo
Ao Seu Sagrado Coração
Padre Drummond
CONSAGRAÇÃO INDIVIDUAL AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, REI UNIVERSAL
SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, eu me dou a Vós por Maria!
Ó Cristo Jesus, eu Vos reconheço como Rei Universal. Tudo quanto foi feito, foi criado para Vós. Exercei sobre mim todos os vossos direitos. Renovo as minhas promessas do batismo, renunciando a Satanás, a suas pompas e suas obras, e prometo viver como bom cristão. E muito particularmente me comprometo a fazer triunfar, consoante os meios ao meu alcance, os direitos de Deus e da vossa Igreja.
Divino Coração de Jesus, eu Vos ofereço as minhas pobres ações para obter que todos os corações reconheçam a Vossa Realeza sagrada e que, assim, o Reino da Vossa paz se estabeleça no universo inteiro. Assim Seja.
(Indulgência plenária, nas condições de costume, uma vez por dia. S. Pen. Ap., 21.02.1923)
Sagrado Coração de Jesus, venha a nós o Vosso Reino!
(Indulgência Parcial – Pio X, Audiência de 29.06.1906 – 06.07.1906)
DOS ESCRITOS DO CARDEAL PIE (1815 – 1880):
“Quando o cristianismo de uma nação está reduzido ao âmbito da vida particular ou da vida doméstica; quando o cristianismo deixa de ser a alma da vida pública, e das instituições públicas, então Jesus Cristo trata essa nação como foi tratado por ela. Continua a favorecer com a Sua graça e os seus benefícios aos indivíduos que O servem; mas abandona as instituições e o poder público que deixam de O servir: e as e as instituições, os poderes públicos, os reis, as comunidades tornam-se movediços como a areia do deserto, caducos como essas folhas secas do outono, que qualquer aragem dispersa”.
“Jesus Cristo é a Pedra angular de todo edifício social. Sem Ele, tudo se agita, tudo se rompe, tudo perece…”
“Colocai no coração de nossos contemporâneos, no coração de nossos homens públicos, esta convicção profunda de que eles nada poderão fazer para o fortalecimento da Pátria, e de suas liberdades, enquanto eles não lhe derem por base a pedra que foi colocada pela mão divina: Jesus Cristo ( 1Cor 10, 4).”
“Jesus Cristo é todo o nosso futuro…”
VIVAMOS A CONSAGRAÇÃO:
O plano perfeitíssimo de Deus para a Redenção da humanidade é a Economia da Salvação. O ser humano, ao rejeitar esse plano, corre o risco de se deixar submeter, cegar e escravizar aos desígnios de uma economia de perdição.
“O ateísmo, erigido como um sistema(…), mergulhou o mundo em um mar de sangue” (Bento XV, 1917). “O principal crime que o mundo expia neste momento é a apostasia oficial dos Estados. Hoje, os homens investidos da missão de governar os povos, são, ou se mostram, com poucas exceções, oficialmente indiferentes a Deus e ao seu Cristo. Eu não hesito em proclamar que esta indiferença religiosa, que coloca no mesmo nível a religião de origem divina e a religião de invenção humana, para as envolver todas no mesmo ceticismo, é a blasfêmia, que, mais ainda que as faltas dos indivíduos e das famílias, atrai sobre a sociedade o castigo de Deus” (Cardeal Mercier, 1918).
Fiquemos atentos! Vivamos a Consagração ao Sagrado Coração de Jesus e a renovemos!